Quando o milionário norte-americano Hiram B. Otis comprou a histórica mansão Canterville Chase, não fazia ideia que estava também adquirindo um inquilino para lá de excêntrico, Sir Simon Canterville, um fantasma que há mais de trezentos anos assombra o local e que está disposto a assustá-los de tal maneira que os leve a vender de novo a casa e irem embora. Mas Hiram pensa que o problema deve ser resolvido de forma científica, enquanto a esposa Lucrécia descobre que um fantasma à solta até dá certa originalidade aos jantares que organiza. Apenas sua filha adolescente, Virginia, compreende a tragédia que amaldiçoa Sir Simon e vendo-o sentado sozinho e deprimido, a filha se compadece e oferece sua ajuda na tentativa de libertá-lo do assombro.
Mais que uma história singela e dedicada às crianças, Oscar Wilde aborda a questão da desvalorização da arte pelos burgueses, novos ricos desprovidos de cultura e tradição que alegavam que o artista cobrava caro por uma simples ‘mercadoria’. Reagindo à diminuição do seu trabalho, os artistas procuram chocar a burguesia, como podemos perceber na obra em análise, cujo autor tece críticas através de sua arte: discute a rivalidade entre Inglaterra e Estados Unidos na Era Vitoriana. Critica de modo bem-humorado e sarcástico tanto o comercialismo e a falta de cultura dos americanos, quanto a arrogância e a decadência dos ingleses.
Giới thiệu về tác giả
OSCAR WILDE, nascido em 16 de outubro de 1854 na cidade de Dublin, Irlanda, viveu na efervescente capital inglesa, frequentando ciclos de escritores, atores e figuras de destaque da época, sendo enaltecido por importantes figuras literárias, como o dramaturgo George Bernard Shaw, os poetas norte-americanos Walt Whitman e H. W. Longfellow, e o escritor francês Stéphane Mallarmé.
Casado em 1884 com Constance Lloyd, teve dois filhos a quem Oscar Wilde se devotava de corpo e alma e cujo afastamento por decisão de Constance após sua prisão foi devastador. Mesmo após o casamento, manteve-se muito conhecido e requisitados em todas as rodas literárias, honrado com todos os compromissos aos quais era convidado. Tornou-se realmente uma pessoa indispensável e comentada aos eventos sociais, espalhando glamour e comentários por onde passava.
Possuía uma aparência que atraía os olhares: vestia-se elegante e extravagantemente bem, com roupas e adereços que, segundo suas próprias palavras, sempre refletiam o que de mais íntimo existia dentro dele. Embora bem conhecido nos círculos sociais, Wilde recebeu pouco reconhecimento por sua obra durante muitos anos até a estreia de ‘O Leque de Lady Wildermere’ que consolidou sua fama literária a partir de 1892. O simulacro, o homem e seu retrato eram a maneira pela qual o autor se utilizava para se relacionar com o mundo, mas o período de seu sucesso foi extremamente curto.
Na noite de estreia de sua obra-prima teatral ‘A Importância de Ser Constante’ em 1895, o marquês de Queensberry, pai de Lorde Alfred Douglas, jovem aristocrata com quem Wilde estava se relacionando à época, iniciou uma campanha pública contra o autor. Por influência de Lorde Douglas, Oscar Wilde decidiu mover uma ação contra o pai do rapaz, acusando-o de difamação. Quinze semanas mais tarde, Wilde perderia o processo e, em 1895, era preso e condenado a dois anos de trabalhos forçados. Ao ser libertado em 1897, Wilde muda-se da Inglaterra em direção ao continente europeu. Lá adota o pseudônimo de Sebastian Melmoth e em companhia de Robert Ross publica ‘A Balada do Cárcere de Reading’ e ‘A Alma do Homem sob o Socialismo’, suas últimas produções literárias. Logo após, fixa residência em Paris, onde corrige e publica ‘Um Marido Ideal’ e ‘A Importância de Ser Constante’, demonstrando que se encontrava no comando de si mesmo e de todo seu talento literário. Todavia se recusa a escrever qualquer novo material, declarando que ‘posso continuar a escrever, mas perdi a satisfação para tal’.
Em 30 de novembro de 1900, Wilde, empobrecido, esquecido e doente, veio a falecer em um quarto do Hôtel d’Alsace, em Paris. Como legado, deixou-nos uma obra admirável representada por contos, romance, poesias e peças teatrais que até hoje são encenadas.