Escrito em 1929, ‘Dona Bárbara’ foi considerado ‘possivelmente o romance latino-americano mais conhecido’ em 1974 pela Hispanic Review, revista estadunidense focada na publicação dos romances hispânicos. A obra tem como cenário uma Venezuela rural, com enredo que foca no conflito entre diferentes famílias ao longo de gerações e a chegada de uma mulher que, por sua beleza e inteligência, corrompe a todos com o objetivo de enriquecer e tomar o poder da região. Para além do protagonismo feminino, o livro chama a atenção por trazer questões que ainda são bastante atuais na América Latina. Entre eles estão a disputa entre antigos latifundiários e pequenos agricultores, conflitos geracionais, choque entre costumes tradicionais e educação formal, violência contra mulher e racismo.
O livro conta com a tradução de André Aires, doutorando em Literatura pela Universidade de Brasília. Com pesquisa voltada para a literatura latino-americana, cursou um ano do doutorado na Universidad de los Andes, em Bogotá (Colômbia). Já as ilustrações estão a cargo da designer Luísa Zardo, formada em 2017 com Láurea Acadêmica em Design com habilitação em Comunicação Visual pela ESPM. Seu trabalho de conclusão de curso foi um estudo sobre como o estereótipo visual clássico pode ser uma barreira de leitura, repensando o design de livros antigos de forma a garantir o interesse de novos leitores.
Giới thiệu về tác giả
Rómulo Gallegos nasceu em 1884 na atual capital venezuelana, Caracas. Apesar de ter origens humildes, chegou a cursar Direito na Universidade Central da Venezuela – a melhor instituição de ensino superior do país. Após alguns anos, abandonou o curso para fundar a revista literária La Alborada. Começou a dar aula de literatura em 1912, tornando-se diretor em diferentes centros de ensino. Ao mesmo tempo, lançou coletâneas de contos e romances, somando 17 obras literárias publicadas.
Seu sucesso definitivo veio com a publicação de ‘Dona Bárbara’ em 1929, que foi considerada uma crítica velada ao Juan Vicente Gómez, ditador que liderou o país entre 1908 e 1935. Por causa da perseguição política, exilou-se na Espanha, vivendo lá entre 1931 e 1935. Ao voltar para a Venezuela, abandonou a literatura para se tornar ativo na política, chegando a ser eleito presidente do país em 1948. Porém sua governança dura apenas por nove meses, momento em que o país é tomado por uma ditadura militar. Novamente foi obrigado a se exilar, morando por 10 anos no México. De volta ao país, mas já distante do cenário político, o escritor morre em 1969, com 84 anos, na cidade em que nasceu.
Desde 1965 ele empresta seu nome ao Prêmio Internacional de Novela Rómulo Gallegos, que é concedido a cada cinco anos até hoje às obras hispânicas mais representativas no universo literário. Entre os livros ganhadores estão ‘Cem Anos de Solidão’, de Gabriel García Márquez e ‘Os Detetives Selvagens’ de Roberto Bolaño.