‘Eu disse que para alguns escritores a literatura deve ser doce e edificante, isto é, suficientemente açucarada e boa para agradar paladares delicados e refinar moral e espiritualmente o leitor, mas que o escritor não era um confeiteiro de bolos nem um pedagogo, os bons escritores, como Sade, enchiam o coração e as mentes dos leitores de medo e horror, porque a vida era isso, medo e horror.’Dois homens unidos por um mistério e uma atração irresistível por churchills e panatelas. O criminalista Mandrake, velho conhecido dos leitores de Rubem Fonseca, retorna nesta trama de isolamento, depravação e assassinatos costurada por relatos do escritor Gustavo Flávio, que já nos foi apresentado no romance Bufo & Spallanzani.Ex-comissário de polícia, Rubem Fonseca sabe que casos de homicídio são quebra-cabeças nos quais as peças mais importantes estão sempre faltando, e as disponíveis cumprem o papel de iludir e despistar. Exímio estrategista da palavra, o autor realiza suas tramas abusando do uso de referências e autorreferências, e consegue, de forma elaborada e prazerosa, tornar uma novela de estrutura detetivesca um verdadeiro ensaio sobre a arte do texto.Publicado originalmente em 1997, E do meio do mundo prostituto só amores guardei ao meu charuto, título tirado de versos de Álvares de Azevedo, é um dos melhores exemplos da singular combinação de crueza e erudição que marca a obra de uma das grandes vozes literárias de nosso tempo.
Giới thiệu về tác giả
RUBEM FONSECA
nasceu em 1925 e faleceu em 2020, pouco antes de completar 95 anos, deixando uma contundente obra com trinta livros, entre os quais romances, novelas, coletâneas de contos e O romance morreu, que reúne crônicas publicadas no Portal Literal. Entre seus principais títulos estão Lúcia Mc Cartney (1969), O caso Morel (1973), Feliz Ano Novo (1975), O cobrador (1979), A grande arte (1983) e Agosto (1990). Em 2013 publicou, pela Nova Fronteira, o volume de contos Amálgama, vencedor do prêmio Jabuti de sua categoria. Ainda recebeu outras cinco vezes o Jabuti; em 2003, os prêmios Juan Rulfo e Camões; e, em 2015, o Machado de Assis, concedido pela ABL, pelo conjunto da obra. Seu último livro publicado em vida foi a antologia de contos Carne crua, de 2018.