As cartas de Sęneca a Lucílio (Epistolae morales ad Lucilium) săo consideradas a grande obra-prima do filósofo latino. Aprendendo a viver é uma seleçăo de 29 textos desses 124 que Sęneca redigiu nos seus anos finais, entre 63 d.C. e 65 d.C., e apresenta uma síntese dos princípios de sabedoria, virtude e liberdade que o pensador perseguiu em vida.
Influenciado pela escola estóica e também pelos ideais epicuristas, Sęneca refletiu sobre as mais profundas contradiçőes da condiçăo humana, questionamentos universais, que acompanham a sociedade desde o início da Era Cristă até a atualidade. Sua filosofia aborda a busca da felicidade, o medo da morte, as desilusőes, a amizade e levanta uma das principais questőes dos nossos dias: como conjugar qualidade de vida e tempo escasso. Leitores do século XXI serăo surpreendidos por liçőes como: ‘A duraçăo de minha vida năo depende de mim. O que depende é que năo percorra de forma pouco nobre as fases dessa vida; devo governá-la, e năo por ela ser levado.’; ‘O defeito maior da vida é ela năo ter nada de completo e acabado, e o fato de sempre deixarmos algo para depois.’ Ou ainda: ‘Năo deixemos nada para mais tarde. Acertemos nossas contas com a vida dia após dia’.
As cartas de Sęneca fazem parte de uma longa tradiçăo do gęnero epistolar, e se distinguem das cartas comuns por năo se destinarem ŕ comunicaçăo de natureza pessoal ou familiar, aproximando-se mais da crônica histórica. É comum ao gęnero a presença de um interlocutor para desenvolver a filosofia por meio do diálogo. No caso de Lucílio, năo há confirmaçăo de que ele tenha existido.
Giới thiệu về tác giả
Lucius Aneus Sêneca nasceu em Córdoba, na Espanha, no ano de 4 a.C. Conhecido como Sêneca o Jovem, era filho de Lúcio Aneu Sêneca o Velho, célebre orador. Devido a sua origem ilustre foi enviado a Roma para estudar oratória e filosofia. Por problemas de saúde viajou para o Egito, onde ficou até se curar. Quando regressou a Roma, iniciou sua carreira como orador e advogado, participando ativamente da vida política, e logo chegou ao Senado. Envolvido em um processo por causa de uma ligação com Júlia Livila, sobrinha do imperador Cláudio, foi exilado na Córsega durante os anos de 41 a 49. No exílio dedicou-se aos estudos e redigiu vários de seus principais tratados filosóficos, entre eles Consolationes, em que expôs os ideais estóicos clássicos de renúncia aos bens materiais e busca da tranquilidade da alma mediante o conhecimento e a contemplação. Perdoado por interferência de Agripina, sobrinha do imperador, voltou para Roma no ano de 49 e, no ano seguinte, foi nomeado pretor.
Com a morte de Cláudio em 54, escreveu a obra-prima das sátiras romanas, Apocolocyntosis divi Claudii, contra o ex-imperador. Com Nero, filho de Agripina, nomeado imperador, tornou-se seu principal conselheiro e orientador político. Com o avanço dos delírios de Nero e a execução de Agripina no 59, Sêneca, depois de condescender um pouco com os maus instintos de Nero, retirou-se da vida pública em 62, passando a se dedicar exclusivamente a escrever e defender sua filosofia. No ano de 65, foi acusado de participar na conjuração de Pisão, recebendo de Nero a ordem de suicídio, que executou em Roma, no mesmo ano. Sêneca escreveu oito tragédias, que foram uma espécie de modelo no Renascimento, e inspirou o desenvolvimento da tragédia na Europa.