Desde o fim do século XX, o sistema capitalista tem reiterado incessantemente o discurso sobre a necessidade de ‘adaptações’ e ‘mudanças’ nas relações de trabalho. Em ‘É tudo novo’, de novo, o professor de economia Vitor Filgueiras analisa essa narrativa das ‘grandes transformações’, tão repetida no capitalismo contemporâneo, apresentando seus argumentos e suas contradições, de modo a desnudar seus verdadeiros objetivos: a legitimação da destruição de direitos trabalhistas e o aprofundamento da assimetria entre capital e trabalho.
Os argumentos empresariais em torno da inovação defendem que o padrão atual de políticas públicas e ações coletivas relacionadas ao trabalho é inexoravelmente anacrônico e, para evitar um desastre no mercado de trabalho, seria preciso ‘flexibilizar’ e ‘modernizar’ os trabalhadores e as legislações trabalhistas. Embora predatórias, essas narrativas são tão poderosas que acabam sendo assimiladas por parcela importante de trabalhadores e instituições, ajudando a criar uma espécie de ‘profecia autorrealizável’ à medida que são reproduzidas.
Em uma linguagem acessível, o livro enfatiza a importância de não assumirmos como verdadeira a retórica capitalista dominante, o que possibilita que as forças do trabalho abram espaço para a criação de alternativas à pauta do capital.
About the author
Vitor Araújo Filgueiras é professor no Programa de Pós-Graduação em Economia da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e professor visitante da Universidad Complutense de Madrid (UCM). Possui pós-doutorado em economia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com estágio na Universidade de Londres, doutorado em ciências sociais pela UFBA, mestrado em ciência política pela Unicamp e graduação em economia pela UFBA. É coordenador dos projetos Caminhos do Trabalho (UFBA-MPT) e Vida Pós-Resgate (UFBA-MPT), e um dos coordenadores da Rede de Estudos e Monitoramento da Reforma Trabalhista (Remir-Trabalho). Foi secretário da Associação Brasileira de Estudos do Trabalho (Abet) entre 2018 e 2019 e Auditor Fiscal do Ministério do Trabalho entre 2007 e 2017.