Teoria crítica e inconformismo: novas perspectivas de pesquisa é uma produção científica vinculada ao Grupo de Estudos e Pesquisa em Teoria Crítica e Educação. O livro reúne em si fontes da teoria crítica e também seus desdobramentos em nossa realidade. É significativa a publicação do ensaio de Adorno, ‘Teoria da Semiformação’ — um de seus textos mais densos e fecundos sobre a formação — como carro-chefe do livro. Seguem-no instigantes ensaios educacionais e sociológicos. São dois os eixos temáticos que permeiam os capítulos: o primeiro, a íntima correlação entre ‘teoria crítica’ e ‘inconformismo’. A teoria crítica, ontem e hoje, é, por constituição, contundente contra as ideologias e políticas que lesem de alguma maneira a pessoa humana. E nesse sentido o ensaio de Adorno é paradigmático. O segundo eixo mostra que a teoria desenvolvida pelos frankfurtianos pode ser atualizada e utilizada na análise de questões educacionais e culturais em tempos de capitalismo global.
Teoria crítica e inconformismo ou a teoria crítica é inconformismo. Ontem, pelos seus fundadores, ela se indignava contra os horrores de Auschwitz, o poder coercitivo do social, as seduções da indústria da cultura. Hoje, pelos seus epígonos, continua a se indignar contra as barbáries do capitalismo global, a privatização da esfera pública, as regressões da vida virtual.
E as armas que a teoria crítica adota para esgrimir sua inconformidade são os conceitos e as palavras, nada mais. Pelo logos ela estimula o indivíduo a desenvolver o que ele tem de mais pungente e humano: o pensar. Pelo ritmo e melodia, que se aninham no verbum, se expressam as tensões das experiências históricas com profundez e sensibilidade. É porque ‘as palavras têm canto e plumagem’, dizia Rosa. É porque no pensar dialético ‘existe um momento ensaístico e rebelde’, retocava Adorno. E, pensar + sensibilidade = inconformismo.
Mas existe outra faculdade que se incorpora ao inconformismo do pensar e do sentir: a de resistir. Eu diria que hoje o indivíduo só sobrevive enquanto núcleo impulsionador da resistência, argumentava Adorno nos anos 60 do século passado. Talvez fortalecer essa virtude seja, como nunca, o que mais se deve exercitar em tempos de conformismo generalizado dos dias atuais.
Pensar com sensibilidade e exercitar a resistência são alguns dos conceitos fortes que impulsionam a escritura dos capítulos deste livro. Instigar seus leitores a descobrir outros territórios do pensar, do sentir e do resistir é o propósito dos que aqui ousaram expor suas palavras. Quem sabe a dialética entre os que se expõem e os que se contrapõem anuncie experiências outras de humanidade!
Bruno Pucci
关于作者
Antônio A. S. Zuin é professor associado do Departamento de Educação e do Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de São Carlos (ufscar). Pós-doutor em filosofia da educação pela Universidade de Leipzig, Alemanha. Pesquisador CNPq 1C e assessor fapesp. Coordenador do Grupo de Estudos e Pesquisa em Teoria Crítica e Educação (UFSCar) e autor do livro Adoro odiar meu professor: o aluno entre a ironia e o sarcasmo pedagógico (Autores Associados) entre outros livros, artigos e capítulos de livros nacionais e internacionais.
Bruno Pucci é professor titular aposentado da ufscar e professor titular do PPGE/unimep. Coordenador do Grupo de Estudos e Pesquisa em Teoria Crítica e Educação e bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq, nível 1B. Publicou vários artigos, livros e capítulos de livros, com destaque para Teoria crítica e educação: a questão da formação cultural na Escola de Frankfurt (Organizador), Adorno: o poder educativo do pensamento crítico (parceria com Antônio Zuin e Newton Ramos-de-Oliveira) e Dialética negativa, estética e educação (Organizador). Suas temáticas atuais de pesquisa são teoria crítica e educação; novas tecnologias e educação, e estética e educação.
Luiz A. C. Nabuco Lastória é doutor em psicologia pela Universidade de São Paulo (USP). É autor e co-organizador de diversas publicações abrangendo os campos da psicologia social, psicanálise, filosofia e educação dentre as quais se destacam: Ética, estética e cotidiano (1995) e Psicologia sem ética? Uma reflexão histórica e filosófica (2004), Tecnologia, cultura e formação. Ainda Auschwitz (2003), Teoria crítica, ética e educação (Autores Associados/Unimep, 2001), e Experiência formativa e emancipação (2009). Atua como docente (RDI-DP) no Departamento de Psicologia da Educação da Faculdade de Ciências e Letras da unesp – Araraquara, onde coordena o Grupo de Estudos e Pesquisa em Teoria Crítica e Educação.