‘Negro é o modelo, branca é a moldura’: assim Françoise Vergès resume a condição atual de boa parte dos museus e instituições culturais, em que saberes, objetos e produções artísticas de populações marginalizadas são expostos, narrados e rentabilizados em benefício da manutenção e ampliação do poder das elites brancas colonialistas. Neste livro, a pensadora propõe o desmantelamento da estrutura de tais instituições e sua substituição por outras formas de gerir, apresentar e distribuir as riquezas culturais que elas detêm, garantindo que a circulação desses artigos e dos conhecimentos a ele vinculados sejam mediados por um compromisso real com as populações por ele representadas. A esse novo sistema ela chama de pós-museu: ‘um espaço de exposição e transmissão que leve em consideração análises críticas de arquitetura e história nas artes plásticas; um lugar onde as condições de trabalho daqueles/as que limpam, vigiam, cozinham, pesquisam, administram ou produzem sejam plenamente respeitadas e onde as hierarquias de gênero, classe, raça, religião sejam questionadas’.
关于作者
Cientista política, historiadora, ativista e especialista em estudos pós-coloniais. Vergès cresceu na ilha da Reunião (França), e morou na Argélia, no México, na Inglaterra e nos Estados Unidos. Graduou-se em ciência política e estudos feministas na San Diego State University (1989). Ph D em teoria política pela University of California de Berkeley (1995), publicou sua tese Monsters and Revolutionaries: Colonial Family Romance and Métissage [Monstros e revolucionários: o romance da família colonial e mestiçagem] pela Duke University Press (1999). Lecionou na Sussex University e na Goldsmiths College, ambas na Inglaterra. Entre 2014 e 2018 foi titular da cátedra Global South(s) no Collège d’Études Mondiales da Fondation Maison des Sciences de l’Homme. Publicou diversos artigos sobre Frantz Fanon, Aimé Césaire, abolicionismo, colonialismo, pós-colonialismo, psiquiatria, memória da escravidão, processos de creolização no Oceano Índico e novas formas de colonização e racialização. É autora de documentários sobre Maryse Condé e Aimé Césaire. Colabora regularmente com artistas, como no workshop Mapping of the Post-Colonial Space [Cartografia do espaço pós-colonial]. Trabalhou como curadora de projetos da Documenta11 (2002) e da Paris Triennale (2012). Como curadora independente, organizou o projeto de visitas guiadas ‘O escravo no Louvre: uma humanidade invisível’ (Museu do Louvre, 2013) e as exposições ‘Dez mulheres poderosas’ (2013) e ‘Haiti, medo dos opressores, esperança dos oprimidos’ (2014) para o Mémorial de l’Abolition de l’Esclavage em Nantes [Memorial da abolição da escravidão].