Depois de doze anos preso, o whistleblower mais famoso do mundo, o australiano Julian Assange, foi solto ontem, após acordo com o Departamento de Justiça americano. Assange fundou em 2006 o grupo ativista Wiki Leaks, que ficou mundialmente conhecido pelo Cablegate, o maior vazamento de documentos da história, com cerca de 700 mil arquivos confidenciais e militares dos Estados Unidos divulgados em 2011. Em O vazamento, Natalia Viana, uma das vozes mais importantes dojornalismo brasileiro, conta sua experiência como a única brasileira a ter participado do Cablegate. Elaera uma repórter independente quando se tornou a responsável por elaborar e coordenar a divulgação em primeira mão dos telegramas das embaixadas estadunidenses relativos ao Brasil. Durante os dias intensos que antecederam o vazamento, umesforço coordenado entre publicações de calibre mundial foi realizado para dar o cobiçado furo. Ao lado de The New York Times, The Guardian, Le Monde, El Paíse Der Spiegel, estavamosjornaisbrasileiros Folha de S.Pauloe O Globo, graças a um delicado e custoso trabalho de articulação feitopor Viana. Desde a incerteza e a solidão dos primeiros dias pré-vazamento até uma longa viagem pelo Caribepara articular a segunda fasedo projeto, acompanhamos vidrados o empenhode Vianaem fazer um jornalismo realmente revolucionário.Com a propriedade de quem esteve no olho do furacão, elareconstitui com vivacidade um momento de efervescência política e otimismo incendiário, quando a internet parecia abrir novas possibilidades na luta por um mundo melhor. Mais de uma década depois do Cablegatee de outras formas de revolta como a Primavera Árabe, o Occupy Wall Streete as Jornadas de Junho, Viana faz deste relato íntimo e pungenteum acerto de contas, que suscitaa reflexão sobre o papel do jornalismo, a dificuldade de se lutar contra poderes hegemônicos —seja o machismo da imprensatradicional ou oimperialismo americano —e como a revolução da internet veiodesaguar no mundo em que vivemos hoje. Os desdobramentos da trajetória e a consequente perseguição política a Julian Assangeassombram o desfecho da narrativa, trágica violaçãodos direitos humanos.Este livro de memórias, um verdadeiro thriller jornalístico, oferece uma nova chave de leitura de um momento de virada na história, as revoltas do início dos anos 2010, apresentada por uma profissional que esteve no front de sua transformação
Tentang Penulis
Nasceu em São Paulo, em 1979, e é cofundadora e diretora executiva da Agência Pública.É autora de várioslivros-reportagem, entre eles Dano colateral(Objetiva, 2021). Comorepórter e editora, venceu diversos prêmios de jornalismo, entre eles Vladimir Herzog de Direitos Humanos, Comunique-se, Troféu Mulher Imprensa, Gabriel García Márquez e Ortega y Gasset.