A bioética global de Potter se concretiza na bioética ambiental e social, e com isso o bioeticista reconhece a interdependência da saúde da natureza com a saúde humana e social, sendo que a degradação de uma das partes compromete a saúde da outra parte. Em outras palavras, com a degradação do ambiente natural, degradam-se também as condições de vida humana, o próprio ser humano, seus valores e princípios, sua identidade cultural e sua história. E, com a degradação da humanidade, deteriora-se a capacidade humana de avaliar as próprias ações e assegurar a existência futura com qualidade de vida.
Ao propor um holismo ético e ecológico como alternativa de saúde planetária, Potter reconhece, primeiramente com o holismo ético, que o ser humano precisa exercer sua capacidade crítica de avaliar o modelo de desenvolvimento econômico, o papel do ser humano dentro da biosfera e os próprios fins da existência humana. Quanto ao holismo ecológico, conclama a humanidade a viver uma relação de respeito, de cuidado, de complementaridade e de interdependência com a natureza.
Desse modo, a bioética global de Potter representa uma utopia coletiva à humanidade e uma alternativa de resistência e de enfrentamento às ideias individualistas do mundo contemporâneo, que têm ameaçado o ser humano, a natureza e o futuro da humanidade.
O autorze
ALBERTO PAULO NETO
Doutor em Filosofia. Professor do Programa de Pós-Graduação em Bioética da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), tem experiência na área da Filosofia, com ênfase em Ética e Filosofia Política, atuando nos temas destaque: Bioética e Direitos Humanos, Teorias da democracia, Teorias da justiça, Republicanismo e Liberalismo Político, Filosofia Política, Filosofia do Direito. Autores em destaque: Immanuel Kant, Jürgen Habermas, Ronald Dworkin e Philip Pettit. É líder do Grupo de Pesquisa: Justiça e Direitos Fundantais (CNPq/PUCPR – Campos Londrina) e membro do 'Espacio abierto de Inteligência artificial’ da UNESCO para a América Latina y el Caribe.
ANOR SGANZERLA
Doutor em Filosofia. Professor do Curso de Filosofia e do Programa de Pós-Graduação em Bioética da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), coordenador do Doutorado Internacional em Humanidades na parceria da Pontifícia Universidade Católica do Paraná com a Universidade Católica de Moçambique (Quelimane – África), professor visitante da Universidade Católica de Moçambique, líder do grupo de pesquisa Bioética e Biotecnologia e membro dos grupos de pesquisa Bioética Ambiental e Hans Jonas, membro da Sociedade Brasileira de Bioética, membro da Cátedra Hans Jonas Brasil.
CARLOS MANUEL COSTA GOMES
Pós-doutorado em Bioética e Medicina Narrativa; Doutoramento em Bioética; Professor da Universidade Católica Portuguesa (IB-UCP); foi Investigador do CEGE – Research Centre in Management and Economics – Católica Porto Business School of Universidade Católica Portuguesa; Coordenou do Programa de Mestrado em Bioética do Instituto de Bioética da Universidade Católica Portuguesa. É Investigador responsável do Projeto de Investigação 'O contributo do pensamento bioético de Daniel Serrão no âmbito da Bioética em Portugal. Presidente da Direção do Centro de Estudos de Bioética e Diretor da Revista Portuguesa de Bioética; Presidente da Comissão de Ética da Escola Superior de Saúde Norte da Cruz Vermelha Portuguesa; Presidente da Comissão de Ética da Casa de Saúde de S. Mateus – Hospital; Presidente da Comissão de Ética do Instituto de Psicologia e Neuropsicologia do Porto (IPNP); Membro da Comissão de Ética da Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Castelo Branco. Autor de 20 livros e de dezenas de artigos científicos publicados em revistas nacionais e internacionais com impacto científico e centenas de conferências, palestras e comunicações nas áreas de interesse. Colaborador na imprensa escrita local e nacional.