O terceiro volume da Coleção Obras de Edith Stein contém um trabalho em que a pensadora dedica-se não a elaborar apenas mais uma interpretação ou teoria do Estado, mas a investigar o Estado como tal, a essência ou ideia que faz de algo um Estado. Constata ela, como ancoramento da força estatal, a comunidade, associação autoconsciente e criadora de cultura. A obra de Edith Stein, mesmo datada de 1925, põe todas essas concepções em xeque, porque, em vez de partir do indivíduo para alcançar o reconhecimento da alteridade, constata que um Estado autêntico percorre o caminho inverso, estruturando uma ou mais comunidades que o precedem e o encarnam, fundando-se em pessoas que, antes de qualquer formalização de relações sociais, já nutrem vínculos os mais diversos.
Sobre o autor
Edith Stein nasceu em Breslávia (atual Polônia, antigo Reino da Prússia), em 12 de outubro de 1891, nas comemorações do Yom Kippur. Em 1911, iniciou os estudos de psicologia e germanística na Universidade de Breslávia. Decepcionada, porém, com o que já considerava uma falta de fundamentação nas ciências humanas (ciências do espírito, segundo a nomenclatura da época), mudou-se em 1913 para Gotinga, a fim de estudar fenomenologia com Edmund Husserl. Em 1916, seguiu Husserl a Friburgo, onde defendeu a tese O problema da empatia. Converteu-se ao cristianismo em 1917. Por não ter conseguido um posto na universidade pública (em função de ser mulher), lecionou em diferentes instituições privadas, como o Instituto de Pedagogia Científica de Münster. Entrou para o Carmelo de Colônia em 1933, recebendo o nome de Teresa Benedita da Cruz. Foi capturada pela Gestapo em 1942, sendo morta por asfixia em Auschwitz no mesmo ano. É uma das mais fiéis seguidoras da fenomenologia de Husserl e, ao mesmo tempo, autora de uma filosofia original à qual ela denominou filosofia do ser.