‘Uma das contribuições mais importantes deste livro é a proposta de refundação da esquerda, a partir de um programa efetivamente antissistêmico: democracia direta, gestão coletiva dos recursos públicos, de sistemas de crédito e do patrimônio ecológico, confisco de aparelhos produtivos para serem geridos pelos próprios trabalhadores, salário máximo, restrição do direito à propriedade privada. Só uma esquerda que não tem medo de dizer seu próprio nome, que assume a luta de classes e se identifica com o proletariado como sujeito político com força revolucionária – principal tese da teoria marxista da revolução – será capaz de superar os impasses aos quais nos levou um ‘reformismo fraco’, que confundiu política com gestão. Este livro corajoso, polêmico, instigante é não apenas uma análise, um estudo e um diagnóstico da atual conjuntura histórica do Brasil, mas um chamado à ação: ‘Agora não é hora de medo. Agora é hora de luta’.’
Michael Löwy
Fazendo uma análise da esquerda brasileira, do colapso do lulismo e do que 2013 significou para o Brasil, quando parte da força dos protestos foi potencializada pela extrema-direita e seu fascismo ordinário, Vladimir Safatle escreve para quem acredita que há de se estar preparado para que acontecimentos ocorram ou para desejar que eles ocorram. Ele escreve para quem está disposto a fazer só mais um esforço para a futura refundação da esquerda brasileira.
Sobre o autor
Vladimir Safatle nasceu em 1973, em Santiago do Chile. Formado em Filosofia pela USP e mestre em Filosofia pela mesma universidade, com dissertação sobre o conceito de sujeito descentrado em Lacan, sob a orientação de Bento Prado Júnior, é doutor em Filosofia pela Universidade de Paris VIII, com tese sobre as relações entre Lacan e a dialética, sob a orientação de Alain Badiou. Professor titular do Departamento de Filosofia da USP, onde leciona desde 2003, também é professor do Instituto de Psicologia da mesma universidade e foi professor convidado nas universidades de Paris I, Paris VII, Paris VIII, Paris X, Toulouse (França), Louvain (Bélgica) e Essex (Inglaterra), visiting scholar da Universidade de California, Berkeley (EUA), além de fellow do Stellenbosch Institute of Advanced Studies (África do Sul), e responsável por seminários no Collège International de Philosophie (França) e fellow do The New Institute de Hamburgo (Alemanha). Um dos coordenadores do Laboratório de Pesquisas em Teoria Social, Filosofia e Psicanálise (Latesfip/USP), juntamente com Christian Dunker e Nelson da Silva Júnior, é ainda membro do conselho diretivo da International Society of Psychoanalysis and Philosophy.
Com artigos traduzidos para inglês, francês, japonês, espanhol, sueco, norueguês, catalão e alemão, suas publicações versam sobre psicanálise, teoria do reconhecimento, filosofia da música, filosofia francesa contemporânea e reflexão sobre a tradição dialética pós-hegeliana. Seus livros incluem: A potência das fendas: diálogos sobre música (N-1, 2021, com Flo Menezes), Maneiras de transformar mundos: Lacan, política, emancipação (Autêntica, 2020), Dar corpo ao impossível: o sentido da dialética a partir de Adorno (Autêntica, 2019; versão em espanhol), O circuito dos afetos: corpos político, desamparo e o fim do indivíduo (Autêntica, 2016; versões em espanhol, em italiano e francês), Grande Hotel Abismo – para uma reconstrução da teoria do reconhecimento (Martins Fontes, 2012; versão em inglês), O dever e seus impasses (Martins Fontes, 2013), A esquerda que não teme dizer seu nome (Três estrelas, 2012; em espanhol), Cinismo e falência da crítica (Boitempo, 2008), Lacan (Publifolha, 2007; versão atualizada publicada pela Autêntica, 2017) e A paixão do negativo: Lacan e a dialética (Unesp, 2006; versão em francês publicado por Georg Olms Verlag, 2010).
Seus próximos trabalhos versarão sobre a atualização da noção de forma crítica a partir da estética musical contemporânea e da reflexão sobre problemas relacionados ao destino das categorias de autonomia, expressão e sublime. O primeiro volume desse trabalho, que deverá conter três volumes, será Em um com o impulso: experiência estética e emancipação social (Autêntica, 2022).