Este livro é fruto de rigorosa pesquisa historiográfica, baseada em fontes documentais e depoimentos de testemunhas, levada a efeito por autoras e autores com sólida formação acadêmica e profissional nos campos da comunicação e da história. A obra descortina a participação de empresas integrantes do Grupo Folha —Litográfica Ypiranga, TV Excelsior, Fundação Cásper Líbero, TV Gazeta e os jornais Ultima Hora, Notícias Populares, Agência Folhas, Cidade de Santos, Folha da Tarde e Folha de S.Paulo — no golpe e na ditadura empresarial-militar que vigorou no Brasil de 1964 a 1985. A pesquisa revela que a participação do Grupo Folha ocorreu por diversas formas, desde a legitimação do regime e o apoio à política repressiva por meio de coberturas jornalísticas direcionadas até o empréstimo de veículos e a contratação de integrantes das Forças Armadas e policiais militares aos quadros das empresas, para monitoramento, vigilância e repressão aos trabalhadores. A violação de direitos humanos tem sido denunciada desde os primórdios da ditadura, atraindo a atenção de pesquisadores e estudiosos, que vêm procurando compreender a complexidade da longa noite que durou 21 anos no país. Toda luz, entretanto, projeta sombra, e o tema da participação empresarial e seu acumpliciamento com a ditadura ficou esquecido durante muito tempo, despertando pouco ou nenhum interesse entre acadêmicos e profissionais em geral. A compreensão das dimensões econômicas da ditadura e da responsabilidade empresarial por violações de direitos é fundamental para iluminar essa parte ainda obscura da nossa história recente, e o presente livro constitui contribuição fundamental para essa tarefa inadiável.
Fernando Honorato
Despre autor
Amanda Romanelli é historiadora, mestre e doutoranda em História Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), e formada em jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero. Trabalha com os temas de imprensa, história e memória no Brasil contemporâneo.
Ana Paula Goulart Ribeiro é jornalista e historiadora. Professora da Escola de Comunicação e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), é especialista em memória e história da mídia. Foi coordenadora do projeto ‘Responsabilidade de empresas por violações durante a ditadura: o caso Folha’.
André Bonsanto é historiador, professor e doutor em comunicação. Foi analista de pesquisa da Comissão Nacional da Verdade, e investiga as relações entre a imprensa escrita e a ditadura militar no Brasil, tendo como foco a Folha de S.Paulo. É autor dos livros ‘O presente da memória: usos do passado e as (re)construções de identidade da Folha de S. Paulo, entre o golpe de 1964 e a ‘ditabranda” (Paco Editorial, 2014) e ‘A verdade dita é dura: jornalismo, história e ditadura militar no Brasil (do golpe de 1964 à Comissão Nacional da Verdade)’ (Dialética, 2021).
Flora Daemon é jornalista e professora da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e do Programa de Pós-Graduação em Cultura e Territorialidades da Universidade Federal Fluminense (UFF). É autora do livro ‘Sob o signo da infâmia’ (Garamond/Faperj, 2014) e foi pesquisadora da Fundação Biblioteca Nacional, onde desenvolveu pesquisa acerca da formação do Comando Vermelho no contexto da ditadura civil-militar brasileira e em interface com a imprensa.
Joëlle Rouchou é jornalista pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), mestre em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), doutora em Comunicação e Cultura pela Universidade de São Paulo (USP), com pós-doutorado no Programa de Pós-Graduação em História Social da Cultura, da PUC-Rio. Atualmente é professora do Programa de Pós-Graduação em Memória e Acervo da Fundação Casa de Rui Barbosa. É autora dos livros ‘Noites de verão com cheiro de jasmim’ (FGV, 2008), e ‘Samuel: duas vozes de Wainer’ (Univer Cidade, 2003) e coautora, com Lúcia Blanc, de ‘Memórias de Ipanema’ (SMC, 1995).
Lucas Pedretti é historiador e doutor em sociologia. Pesquisador de pós-doutorado no Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP/UERJ) e professor de história do ensino básico, é coordenador da Coalizão Brasil por Memória, Verdade, Justiça e Reparação. Autor de ‘Dançando na mira da ditadura: bailes soul e violência contra a população negra nos anos 1970’ (Arquivo Nacional, 2022) e ‘A transição inacabada: direitos humanos e violência de Estado na redemocratização’ (Companhia das Letras, 2024).