‘Rashômon e outros contos’ reúne dez contos de diversos períodos da breve existência do autor. ‘Rashômon’ (1915) e ‘Dentro do bosque’ (1922) retratam a cultura de Heian (atual Quioto). Em ‘Memorando «Ryôsai Ogata»’ (1917), ‘Ogin’ (1923) e ‘O mártir’ (1918), a temática cristã é o fio condutor. ‘Devoção à literatura popular’ (1917) e ‘Terra morta’ (1918) têm como pano de fundo a cultura de Edo, atual Tóquio. A abertura do Japão para o Ocidente no período Meiji compõe o enredo de ‘O baile’ (1912). Por fim, dois contos de caráter autobiográfico, do final da vida de Akutagawa: ‘Passagens do caderno de notas de Yasukichi’ (1923) e ‘A vida de um idiota’ (1927). Esta nova edição, com texto revisto pelas tradutoras, conta ainda com nova introdução e acréscimo de notas.
Despre autor
Ryûnosuke Akutagawa (1892-1927) é o grande expoente do moderno conto japonês. Nasceu no bairro Kyôbashi, na cidade baixa, filho de um pai extremamente rígido e de uma mãe louca, sob a égide de ‘filho do Dragão’. Adotado pelos tios maternos, mais cultos, deixou de utilizar o sobrenome do pai, Niihara. Ainda criança, entrou em contato com traduções de Ibsen e Anatole France. Na primeira juventude, traduziu Yeats, e especializou-se em Literatura Inglesa na Universidade Imperial de Tóquio, período em que se tornou discípulo do escritor japonês Sôseki Natsume (1867-1916) e passou a escrever os primeiros de seus cento e cinquenta textos curtos em prosa. Aos 26 anos, casou-se com Fumiko Tsukamoto, com quem teve três filhos. Na década de 1920, sua obra passa a revelar fortes traços autobiográficos: a loucura, o suicídio, a ética cristã, os antigos costumes japoneses e a modernização do período Meiji (1868-1912), num profundo conflito em busca de uma solução moral definitiva. Suicidou-se aos 35 anos com uma dose de Veronal.