A música é uma das obras filosóficas de Santo Agostinho anteriores a sua ordenação sacerdotal. Trata-se de uma abordagem fenomenológica da música e, na esteira dos clássicos gregos, afronta questões importantes do pensamento agostiniano, como a natureza da particularidade, da conexão, do movimento e do tempo. Composta na forma de diálogo entre mestre e discípulo, a obra tem origem logo depois de sua conversão, quando, ainda em Milão, idealizou um projeto mais amplo de uma série de tratados sobre as artes liberais, consideradas necessárias para a elevação das coisas sensíveis às inteligíveis. Mas tal projeto, que tem no De musica sua maior expressão, não foi além dos esboços iniciais. Mesmo assim, a obra testemunha significativamente o desenvolvimento intelectual de Agostinho e seu progresso da educação secular à filosofia cristã. A música consta de duas partes, das quais a primeira, correspondente aos cinco primeiros livros, trata, respectivamente, 1) dos fundamentos matemáticos da ciência musical, 2) dos pés, 3) dos ritmos, 4) dos metros e 5) dos versos, enquanto a segunda e última, contida no livro sexto, parte da análise de nossa percepção auditiva para considerar as seis espécies de números que medeiam entre as coisas sensíveis e as inteligíveis.
Despre autor
Santo Agostinho (354-430) foi um filósofo, escritor, bispo e importante teólogo cristão do norte da África, durante a dominação romana. Suas concepções sobre as relações entre a fé e a razão, entre a Igreja e o Estado, dominaram toda a Idade Média. Santo Agostinho, conhecido também como Agostinho de Hipona, nasceu em Tagaste, cidade da Numídia (atual Argélia), no dia 13 de novembro de 354. Sua infância e adolescência transcorreram principalmente em sua cidade natal, em um ambiente limitado por um povoado perdido entre montanhas. Seu pai era pagão e sua mãe, uma cristã devota que exerceu grande influência sobre a conversão do filho.