O segundo volume das Obras de Edith Stein em língua portuguesa é uma coletânea de textos em que a filósofa apresenta o pensamento de Edmund Husserl e o coteja com o pensamento de Tomás de Aquino. É possível, assim, acompanhar a evolução de Edith Stein em sua própria compreensão da fenomenologia e em sua articulação com a ontologia e a metafísica, resultando em uma filosofia do ser. Com um texto como O que é fenomenologia?, de 1924, tem-se um retrato de sua interpretação inicial do método fenomenológico, incluindo suas hesitações a respeito do idealismo husserliano, ao passo que, nos registros de suas contribuições durante a Jornada de Estudos Tomistas, de 1932, observa-se sua posição madura, esclarecedora não apenas de suas divergências com alguns tomistas (em benefício dos estudos históricos de Tomás de Aquino), mas também sua leitura madura da fenomenologia, e mesmo a solução do que antes constituía para ela uma série de impasses ligados ao idealismo transcendental. Seu pensamento maduro também se reflete em textos como Conhecimento, verdade e ser, de 1932, mas já se anuncia no instigante cotejo entre as filosofias de Husserl e Tomás de Aquino, realizado em duas versões, nos anos de 1928 e 1929, bem como no breve artigo A fenomenologia e seu significado de visão de mundo, de 1930/1931.
Om författaren
Edith Stein nasceu em Breslávia (atual Polônia, antigo Reino da Prússia), em 12 de outubro de 1891, nas comemorações do Yom Kippur. Em 1911, iniciou os estudos de psicologia e germanística na Universidade de Breslávia. Decepcionada, porém, com o que já considerava uma falta de fundamentação nas ciências humanas (ciências do espírito, segundo a nomenclatura da época), mudou-se em 1913 para Gotinga, a fim de estudar fenomenologia com Edmund Husserl. Em 1916, seguiu Husserl a Friburgo, onde defendeu a tese O problema da empatia. Converteu-se ao cristianismo em 1917. Por não ter conseguido um posto na universidade pública (em função de ser mulher), lecionou em diferentes instituições privadas, como o Instituto de Pedagogia Científica de Münster. Entrou para o Carmelo de Colônia em 1933, recebendo o nome de Teresa Benedita da Cruz. Foi capturada pela Gestapo em 1942, sendo morta por asfixia em Auschwitz no mesmo ano. É uma das mais fiéis seguidoras da fenomenologia de Husserl e, ao mesmo tempo, autora de uma filosofia original à qual ela denominou filosofia do ser.