Negro sou, negro serei é um livro do poeta, ensaísta, dramaturgo e político martinicano Aimé Césaire com Françoise Vergès, cientista social e ativista feminista decolonial. O livro, resultado desse encontro, oferece uma visão abrangente das ideias e perspectivas de Aimé Césaire (1913-2008) sobre as questões às quais se dedicou por toda a vida: a identidade negra, o colonialismo e a luta pela emancipação racial. Para isso, ele analisa a sua própria trajetória pessoal e intelectual, retomando eventos da infância na Martinica natal, o seu envolvimento no movimento anticolonial nas comunidades afrodescendentes ao redor do mundo.
Françoise Vergès, referência nos debates contemporâneos sobre raça e gênero, ela também nascida na chamada França ultramarina, ou seja, em uma ex-colônia francesa, conduz as conversas com Césaire colocando em evidência os desdobramentos do conceito de negritude, cunhado por ele, como ferramenta poética e ideológica para reivindicar o valor e a dignidade da identidade negra. A edição conta ainda com o ensaio ‘Por uma leitura pós-colonial de Césaire’, uma leitura de Vergès sobre o legado deste grande pensador e sua incontornável atualidade.
Про автора
Aimé Césaire (1913-2008) foi um escritor político martinicano, cuja obra e ativismo influenciaram profundamente o pensamento anticolonial e a literatura do século XX. Nascido na Martinica, uma ilha do Caribe então sob o domínio colonial francês, Césaire cresceu em meio à luta pela emancipação e pelo reconhecimento da identidade negra. Ele foi um dos fundadores do movimento da negritude, uma corrente literária e política que celebrava a herança cultural africana e combatia o racismo e a opressão colonial. Sua poesia, marcada por uma linguagem vibrante e imagética, reflete a experiência da diáspora africana e expressa um profundo senso de orgulho racial. Entre suas obras mais importantes estão ‘Cahier d’un retour au pays natal’ [Caderno de um retorno ao país natal] (1939), um poema épico que descreve sua jornada de volta à Martinica e explora temas de identidade e colonialismo, e ‘A tempestade’ (Temporal, 2024), releitura da peça A tempestade, de Shakespeare, sob uma perspectiva anticolonialista. Além de sua produção literária, Césaire também teve uma carreira política ativa. Ele foi prefeito de Fort-de-France, capital da Martinica, por vários anos e desempenhou um papel fundamental na luta pela autonomia e dignidade do seu povo.