O Teatro Completo, de William Shakespeare, reúne 38 peças traduzidas por Barbara Heliodora, uma das maiores especialistas no autor, e distribuídas em três volumes: Volume 1 – Tragédias e comédias sombrias Volume 2 – Comédias e Romances Volume 3 – Tragédias históricas A obra de William Shakespeare é um espelho, um palco que nos ilumina. Suas peças, uma profunda e fascinante meditação sobre a sociedade e a vulnerabilidade do ser humano. Os personagens de Shakespeare espelham sentimentos e comportamentos, paixões e potencialidades, enfim, tudo o que nos move, para o bem ou para o mal: o poder destrutivo do ciúme, da inveja, do medo e da ambição; a dinâmica do amor, da lealdade e traição; os fundamentos da justiça, a vingança e o perdão; a relação entre aparência e realidade; os compromissos de honra, lealdade e dever; a dinâmica dos privilégios e as responsabilidades da liderança; nossa relação com o poder; a força e o fascínio que a morte exerce sobre nós; nossos deuses, anjos, bruxos e vilões – nossa condição. Quando pensamos sobre o humano, pensamos Shakespeare. A tradutora Barbara Heliodora pensou Shakespeare por quase toda a sua vida. Assistiu às mais importantes montagens no exterior e, também, no Brasil. Assistiu no teatro e privou de conversas com John Gielgud, Laurence Olivier, Ralph Richardson, para lembrar apenas três dos maiores atores shakespearianos do século XX. Estava presente, em 1970, na estreia mundial de uma obra-prima do cinema, o Rei Lear, de Grigori Kosintsev, e conversou longamente com o diretor. Tinha uma intimidade com a obra e o universo do Bardo que não era menor do que a dos maiores especialistas em todo o mundo. Era reconhecida e respeitada internacionalmente em uma época em que as conferências internacionais eram reduto reservado aos eruditos. Ninguém, portanto, mais qualificado para traduzir a obra, retendo as imagens, a gramática, o tom e até os silêncios das peças. Sem mencionar a grande vantagem que é poder ler uma obra dramática completa da pena de um mesmo e excepcional tradutor. Os dois primeiros volumes foram totalmente revistos, com a inclusão de novas notas. O terceiro volume será publicado agora pela primeira vez, incluindo traduções inéditas. A propósito, este volume apresenta uma peça inédita, Eduardo III, a última tradução feita por Barbara Heliodora, pouco antes de falecer. Como o prestígio cultural de Shakespeare é indubitavelmente enorme, de tempos em tempos, surgem peças que são atribuídas a ele. Inicialmente, Barbara não se convenceu de que essa tragédia histórica tivesse sido escrita por Shakespeare, apesar de ter entrado oficialmente no cânone shakespeareano no final da década de 1990. Depois de muita leitura e pesquisa, Barbara se convenceu de que havia muito da mão do Bardo, ainda jovem, mas já revelando a promessa de grande escritor que viria a se tornar. A inclusão da inédita peça Eduardo III enriquece enormemente esta edição. Com novo projeto gráfico, com o miolo impresso em papel bíblia e com os três volumes embalados em uma caixa requintada e exclusiva, o TEATRO COMPLETO constitui um verdadeiro presente para todos aqueles que se interessam por cultura e pela reflexão ou investigação das paixões, dos mistérios, das contradições da alma humana desde sempre. Suas peças, personagens e linguagem permeiam o modo de pensar o mundo e, sobretudo, de compreender o próprio indivíduo, impactando pensadores, escritores e leitores do século XVII até hoje.
Giới thiệu về tác giả
Em uma crônica de 1896, publicada em A Semana, Machado de Assis – que já havia escrito três capítulos de sua obra-prima, Dom Casmurro, sob influência explícita da tragédia Otelo –, assim destaca a importância de Shakespeare: ‘Um dia, quando já não houver império britânico…, haverá Shakespeare; quando se não falar inglês, falar-se-á Shakespeare’. Shakespeare é, ao lado de Dante e Cervantes, um dos maiores criadores de todos os tempos. William Shakespeare nasceu em abril de 1564 na cidade inglesa de Stratford-upon-Avon. Segundo registros locais, estudou no King’s New School, que, seguindo o padrão das escolas elisabetanas, valorizava o conhecimento dos textos clássicos escritos em latim. É notável nas peças do Bardo a influência de Sêneca, Plauto e, principalmente, de Ovídio, a quem suas peças fazem muitas referências. Aos 18 anos, ele se casou com Anne Hathaway, filha de um próspero agricultor da região. O casal teve três filhos: Susanna e os gêmeos Hamnet e Judith. Por volta de 1590, Shakespeare já se encontrava em Londres, onde uma população sedenta de entretenimento ia encontrar em teatro o gênero cultural por excelência. Em Londres, a vida de Shakespeare estava totalmente ligada ao teatro: era ator, autor, sócio de companhia e de casa de espetáculo. Suas peças foram atraindo cada vez mais multidões que lotavam o ‘Globe’, o teatro que ele e sua companhia haviam construído. Além disso, era convidado a encenar suas peças na corte de rainha Elisabeth e de seu sucessor, Rei Jaime I. Peças como Hamlet, Romeu e Julieta, Sonho de uma noite de verão, Otelo, A megera domada, Rei Lear, Macbeth, Muito barulho por nada, Henrique VIII, são grandes referências na história do teatro universal. Morreu em 23 de abril de 1616, em sua cidade natal, para onde havia se retirado por volta de 1610, buscando provavelmente a tranquilidade de seu lar com a família. Um dramaturgo e crítico, Ben Jonson, contemporâneo de Shakespeare, já previa a permanência da obra do Bardo e dizia que ‘Shakespeare não pertencia a uma época, mas a toda a eternidade’.
Barbara Heliodora era carioca. Estudou na Faculdade de Filosofia, mas recebeu uma bolsa e graduou-se no Connecticut College, nos Estados Unidos. Foi crítica teatral no Jornal do Brasil, era doutora em Artes pela USP e professora emérita da Uni Rio. Conferencista, tradutora de livros e peças de teatro, das quais mais de vinte são de Shakespeare.