Partindo do contexto da instalação de UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) nas favelas do Rio de Janeiro para ‘salvaguardar’ a segurança da cidade durante megaeventos esportivos (como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016), Renata Souza acompanha a experiência cotidiana na favela da Maré e demonstra como a política de ‘pacificação’ desconhece a dinâmica comunitária da favela.
A partir da hipótese de um espírito comunitário na Maré, a autora investiga iniciativas independentes de comunicação e cultura dos jovens mareenses (de que são exemplos o jornal O Cidadão, a página virtual Maré Vive, o aplicativo Nós Por Nós, o bloco Se Benze Que Dá, o Sarau da Roça e a feira de trocas Maré 0800), além de suas vivências pessoais como cria da favela, para mostrar uma juventude que resiste culturalmente para existir socialmente.
A obra, publicada pela primeira vez em 2018, é uma adaptação da tese de doutorado da autora sobre a resistência da juventude negra à militarização da vida. O livro traz ainda um conjunto de textos escritos em homenagem a Marielle Franco, com quem a autora trabalhou e conviveu por cerca de vinte anos, sendo inclusive chefe de seu gabinete na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro, até sua execução sumária, em março de 2018.
关于作者
Renata Souza é cria da Maré. Formada em jornalismo pela PUC-Rio; doutora e mestre em Comunicação e Cultura pela UFRJ. Com 63.937 votos, foi a deputada estadual mais votada da esquerda no Rio de Janeiro, em 2018. É a primeira mulher negra presidenta da Comissão de Direitos Humanos da Alerj. Foi responsável por criar o conceito de ‘feminicídio político’ para caracterizar a violência política que ceifou a vida de Marielle Franco.