‘Sou uma lésbica, negra, feminista, guerreira, poeta, mãe, mais forte por causa de todas as minhas identidades, e sou indivisível’, assim se definia para seus leitores e ouvintes Audre Lorde. O livro reúne textos esparsos e inéditos, encontrados no seu arquivo. São ensaios, aulas, palestras, textos de apresentação e um diário íntimo que acompanha sua vida após receber o diagnóstico de um câncer no fígado. Pioneira da abordagem interseccional no feminismo, Lorde colocava no mesmo plano a opressão e a dominação de mulheres, homossexuais, populações racializadas e despossuídos de todo o mundo, fazendo com que suas lutas se tornassem uma só, sem hierarquizá-las.
Lorde participou ativamente da efervescência dos movimentos negro, feminista e LGBT entre os anos 1960 e 1990. Acompanhou e militou contra o Apartheid na África do Sul. Como poeta, sua fala e escrita são viscerais, dotadas de potência capaz de afetar e amplificar a sua audiência. Tornou-se uma referência de luta e pensamento.
A edição da Ubu tem organização e apresentação de Djamila Ribeiro, tradução de Stephanie Borges, orelha de Jurema Werneck e quarta-capa de Ana Claudino.
About the author
Audre Lorde nasceu no Harlem, Nova York, Estados Unidos, em 1934. Em 1959, graduou-se em biblioteconomia pelo Hunter College. Em 1961, concluiu seu mestrado na área pela Columbia University. Durante os anos 1960, trabalhou como bibliotecária em escolas públicas de Nova York. Em 1962, casou-se com Edward Rollins, com quem teve dois filhos. Em 1968, conheceu a professora de psicologia Frances Clayton, com quem passou a viver após o fim de seu casamento, tendo sido sua companheira por quase vinte anos. Em 1969, começou a lecionar no Lehman College. Em 1970, tornou-se professora de literatura no John Jay College. Em 1977, tornou-se editora de poesia no jornal feminista Chrysalis. Em 1978 foi diagnosticada com câncer de mama, tendo realizado mastectomia como parte do tratamento. Em 1980, fundou, junto com a escritora Barbara Smith, a editora Kitchen Table: Women of Color Press, para disseminar a produção de feministas negras. Em 1981, foi nomeada professora no programa de escrita criativa do Hunter College. Em 1984, recebeu o diagnóstico de câncer de fígado. Mesmo com a doença, manteve uma rotina intensa de viagens. Estabeleceu uma relação especial com a Alemanha, retratada pela diretora Dagmar Schultz no documentário Audre Lorde: The Berlin Years (2012). Engajada com a luta das mulheres sul-africanas contra o apartheid, em 1985 criou a rede de apoio Sisterhood in Support of Sisters in South Africa [Irmandade de apoio às irmãs na África do Sul]. No final dos anos 1980, mudou-se para Saint Croix, uma ilha no Caribe, onde viveu os últimos seis anos de sua vida ao lado da socióloga e ativista Gloria Joseph. Após seu falecimento, em 1962, seus arquivos passaram a integrar a coleção do Spelman College, em Atlanta. Audre Lorde recebeu diversos prêmios ao longo de sua carreira, entre os quais podem-se destacar as bolsas concedidas pelo National Endowment for the Arts (de 1968 e 1981) e pelo Creative Artists Public Service Program (de 1972 e 1976) e o prêmio de excelência literária de Manhattan, de 1987. Em 1991, foi nomeada poeta laureada pelo estado de Nova York.